por Aline Reis. 21 de dezembro de 2021
Gostando de ler ou não, desde quando entramos na escola, temos contato com os livros. Sejam eles didáticos ou paradidáticos de conteúdo literário. Antes do Google ou da Wikipedia, fazíamos pesquisas por meio das coleções de Enciclopédias como, por exemplo, a Barsa, que nos exigia conhecer bem o índice para chegarmos ao conteúdo a ser pesquisado nos fascículos. Além dela, a enciclopédia Larousse Cultural, a Conhecer, a Ciência Ilustrada, a Como Funciona, a Enciclopédia do Estudante e tantas outras. Até a Disney publicou e lançou a Enciclopédia Disney. Confesso que não a conheci e nas minhas andanças em busca de reviver esse momento da minha vida, encontrei-a apenas em imagens; fiquei curiosa por saber seu conteúdo. Você a conhece? Já leu? Teve em sua casa? Ah, me escreva e me conte essa experiência!
Mas você conhece o livro informativo? Imagino que sim. Agora, não seria bom termos um livro eletrônico (e-book) informativo? Melhor ainda se ele trouxer links e demais experiências imersivas, não acha? É claro que essa realidade não estaria à disposição de todos os leitores brasileiros, por ser um recurso caro, infelizmente. Mas é importante deixar claro que livro informativo não é o mesmo que livro didático, ok? O livro didático segue uma sequência de conteúdos que devem ser ministrados pelo professor, enquanto que o livro informativo traz diversas descobertas, ao leitor, sobre um determinado assunto como, por exemplo, o universo, o fundo do mar, os dinossauros, as mulheres que já fizeram história… Nos livros informativos, você conhece tais conteúdos visitando-os aleatoriamente.
Ainda pensando nessa ferramenta, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) preconiza o fomento à cultura eletrônica em sala de aula e enfatiza o fortalecimento da autonomia do aluno pelo uso de ferramentas que lhes são disponibilizadas, a fim de interagirem a partir de diferentes meios de conhecimento e fontes de informação.
No ciberespaço, é constante e diária a experiência dos estudantes e, para acessarem informações diversas sobre determinado tema, é preciso fazerem buscas a esmo na internet que, por sua larga extensão, pode apresentar conteúdos sem seriedade. Com o e-book informativo, porém, todas as informações ali contidas já teriam passado por uma curadoria de conteúdos, o que pode facilitar o caminho de pesquisas ao mesmo tempo em que informa e auxilia na aprendizagem. O e-book informativo pode ser um objeto auxiliar para a Educação, um recurso tecnológico com grande potencial para a aprendizagem.
Ao longo da história da humanidade, foram formados diferentes tipos de leitores. Segundo os estudos de Lúcia Santaella, há o tipo de leitor contemplativo, passando pelo movente e imersivo até chegar ao que, hoje, se chama de leitor ubíquo. É claro que esses perfis vão se modificando de acordo com a sociedade na qual estão vivendo. É muito possível que outro tipo de leitor seja nomeado conforme vão nos chegando as novas tecnologias, e não temos como adiantar isso agora. Deixemos para o seu tempo! Um ponto nisso tudo é certo: um leitor não se sobrepõe ao outro: eles podem coexistir. O que ocorre é que a sociedade se modifica pela tecnologia que ela mesma cria, a fim de atender suas demandas e, com isso, o processo de leitura também passa por inovações. Ao término dessa leitura, você encontrará um infográfico dos tipos de leitores apontados por Santaella, que criei para sua melhor apreensão sobre isso.
Voltando ao livro impresso ou o eletrônico, vale aqui uma constatação: embora o livro impresso apresente predicativos positivos (o ato de folheá-lo, o cheirinho de novo ou de usado), o e-book pode apresentar inúmeras facilidades e, até, práticas imersivas que enriquecem a experiência dos leitores. O fato é que, vamos falar a verdade, ambos continuam a levar o leitor a qualquer lugar sem que ele precise sair de onde o estiver lendo.
O e-book alia tecnologia, conhecimento e aprendizagem, o que pode ser apreciado pelos estudantes. Se o e-book é um livro informativo, então, com o conhecimento passando por uma devida curadoria do autor, o trabalho do professor se transforma positivamente, pois o estudante passará a se interessar pelo conteúdo ali presente, podendo assistir a vídeos, ouvir podcasts, há a possibilidade do uso de uma realidade aumentada ou virtual, conhecer determinado lugar no mundo através de recursos como o Google street view, por exemplo. Além desses, outros recursos podem estar disponíveis ao estudante, sempre na intenção de ampliar o conhecimento, tornando-o mais profundo a respeito de determinado tema.
Vai um alerta, porque muita gente se confunde: e-book não é o mesmo que um livro digitalizado. Este último é a reprodução de um livro físico para a leitura por tela, enquanto que o e-book é o eletrônico que traz algumas experiências diferentes do livro impresso como o modo de passar as páginas ou marcar uma frase; isso para ficarmos nas experiências mais simples.
Você já trabalha com livros informativos em sala de aula, na biblioteca da escola, em casa com as crianças? Tem algum na prateleira de livros? Já imaginou trabalhar determinados conteúdos na escola através de livros informativos , mas como e-books que contenham experiências imersivas? Já pensou no quanto isso pode ser enriquecedor?
Ressalto, porém, o que diz a pesquisadora Ana Garralón no livro “Ler e saber – Os livros informativos para crianças” (Editora Pulo do Gato, 2015) a respeito das vantagens que o livro informativo apresenta:
Não precisam de mediadores diretos, como na escola, com os professores; Não estão fragmentados por disciplinas; Contam com uma apresentação agradável e atraente; Permitem variados locais de aprendizagem: na biblioteca, em casa, na escola; Oferecem livre acesso, sem que estejam associados a aulas ou horários; Levam em conta a idade do leitor, seja na linguagem ou na abordagem do conteúdo; Não consideram o processo do leitor por meio de notas; Permitem uma leitura sequencial ou aleatória; Contam com uma equipe de editores atentos à atualidade e às mais recentes descobertas científicas; Relacionam fatos da atualidade com a vida real: aproximam o saber científico com a tomada de decisões sociais e políticas, ajudando o leitor a entender a necessidade de sua participação na sociedade. (GARRALÓN, 2015, p. 26)
No entanto, apesar de toda essa explanação sobre os encantos do e-book podendo ser informativo, para finalizar, trago aqui um dado curioso: a legislação brasileira não assumia a multiplicidade de possibilidades e formatos do que se define por livro, sendo necessário o pedido de alteração da redação pelo Projeto de Lei n.º 4534/2012. A redação na Lei 10.753/2003 foi alterada, fazendo constar que o que se equipara a livro em meio digital, magnético e ótico ainda é aquilo que se relaciona ao uso exclusivo de pessoas com deficiência visual. Até minha última pesquisa, o projeto de lei encontra-se “estacionado” na Câmara dos Deputados…
Logo abaixo, o infográfico sobre os tipos de leitores estudados por Santaella.
2 Comments
Ótima reflexão! Penso que utilizar o livro informativo digital seria de extrema riqueza para o trabalho educativo e abriria portas seguras no desenvolvimento de projetos nas diferentes áreas do conhecimento. Uma excelente ferramenta!
Exatamente, Flávia! O livro informativo também é excelente para trazer mais conhecimento àquele que o lê.